COP28: Criação Intensiva e a Crise Climática – Qual a Conexão?

Por Federica Baldo
Tradução Daniele Savietto
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Você já se perguntou quais são os setores que mais consomem energia e impactam significativamente o planeta Terra? Se você pensou no setor de pecuária e agroalimentar, está no caminho certo. Estas atividades estão na lista devido à grande quantidade de emissões liberadas na atmosfera e seus efeitos na degradação ambiental.

Na COP28, os pavilhões também abrigaram discussões sobre um tema crucial: a agricultura e a criação intensiva de animais. Neste artigo, abordo as repercussões dessas atividades em termos de desastres climáticos no Sul Global.

Como as emissões da criação intensiva pioram os desequilíbrios ambientais e os desastres climáticos nos países em desenvolvimento? No evento da COP28 em 2 de dezembro, intitulado “Revelando a destruição climática oculta da agricultura industrial no sul global”, foram apresentados dados sobre danos estimados em 8 bilhões de dólares causados na Ásia, África e América do Sul pelo modelo de criação intensiva praticado no Norte Global.

Injustiça Climática e Transnacionalidade da Crise

Estas questões se enquadram no conceito mais amplo de injustiça climática, que destaca como as nações do Sul Global, apesar de contribuírem menos para as emissões de gases de efeito estufa, são as mais afetadas pelos efeitos das mudanças climáticas. Estes países enfrentam impactos mais severos, com recuperações difíceis e lentas, e são os menos equipados para lidar com a situação. Além disso, têm menor representatividade nas mesas de negociações internacionais.

A crise climática é transnacional, estendendo-se além das fronteiras nacionais e sem limites. Práticas prejudiciais ao clima em uma parte do globo geram consequências em outras.

Relação entre Criação Intensiva e Crise Climática

A agricultura e a produção de alimentos estão ligadas aos principais gases de efeito estufa – CO2, metano e óxido nitroso. Eles representam 20-30% das emissões globais anuais. Além das emissões, a produção de alimentos de origem animal também contribui para a degradação ambiental através do desmatamento, exploração de recursos naturais e contaminação por resíduos.

Na COP, destaca-se a necessidade de dar mais atenção a essa conexão. Além dos mecanismos de apoio internacional, como o Fundo para Perdas e Danos, regiões como a África deveriam poder utilizar seus recursos naturais para enfrentar estes desafios. No entanto, esses recursos e ferramentas muitas vezes são transferidos para outros países.

Impacto na África

Na África, o impacto da agricultura e da criação intensiva do Norte Global é significativo para os agricultores independentes. Ao contrário dos países mais industrializados, mais de 80% dos produtos agrícolas e animais na África são produzidos de maneira sustentável. No entanto, secas, inundações e outros eventos climáticos extremos, frequentemente causados pelas atividades do Norte, ameaçam a segurança alimentar dessas regiões.

Reflexão sobre o Futuro

Em vez de exportar o modelo intensivo do Norte Global para o Sul, seria melhor fazer o oposto, valorizando o conhecimento indígena e práticas tradicionais. A transição para um modelo produtivo mais sustentável depende da redução da demanda por produtos de origem animal e do aumento do consumo de alimentos à base de plantas.

A tendência atual, no entanto, vai na direção oposta, com o modelo intensivo se expandindo devido à urbanização crescente e à demanda por carne. É necessário que os líderes globais promovam sistemas produtivos sustentáveis, utilizando incentivos e restrições ao modelo atual.

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